domingo, 4 de dezembro de 2016

furry love




Sempre fui uma criança bem disposta, divertida e animada. Sempre com uma careta para mostrar ou uma anedota para contar. Não dei problemas ou preocupações. A não ser...

O meu amor exacerbado por animais. Em pequenina, era comum ouvirem-me dizer que queria ser este ou aquele animal quando crescesse (ao invés de uma mulher com uma profissão, como o esperado). Era normal verem-me a dar descascas nas velhas de casacos de peles que passeavam pelo meu bairro - "Mataste um tigre? Isso não se faz!" é uma das minhas mais conhecidas deixas, tinha eu cerca de 4 anos.

Os meus pais levavam as mãos à cabeça, sempre que me ouviam dizer que preferia a minha gata à pessoa X ou Y, que preferia a companhia do cão do vizinho à companhia de miúdos da minha idade. Se é verdade que tive uma infância recheada de amigos, também os animais o foram. Era comum, numa festa de anos, estar agarrada ao animal de estimação que estivesse presente.

Guardo no coração todos os animais que se cruzaram na minha vida. Na aldeia dos meus avós paternos, sabia de cor o nome de todos os animais, e arranjava um nome aos que não tinham. Todos os patos, galinhas e cabras tinham um nome carinhoso dado por mim. Todos eles tinham direito a beijinhos, a festinhas e mimo, muito mimo. Na casa dos meus avós maternos, todos os animais faziam parte da família e sempre foram tratados como tal.

E lá preocupava os meus pais. "Não podes comparar os animais às pessoas. Não podes gostar mais deles do que das pessoas". Eu ouvia, mas entrava a cem e saía a mil. Ora eu, na minha tenra idade, já conseguia perceber a origem do verdadeiro mal - o ser Humano. A crueldade, a hipocrisia, a inveja, o ódio, tudo isto era ligado ao Homem, mas nunca a um animal.

Hoje, nos meus trinta, continuo a preferir a companhia de animais à companhia de maior parte das pessoas que se cruzam no meu caminho. Nunca um animal me deu um desgosto, uma facada nas costas, uma desilusão. Vou sempre preferir a companhia de um patudo à companhia de muita gente.

Há umas semanas escrevi acerca de comer cada vez menos carne. Já não como. Sobrevivi a 4 dias no Alentejo sem comer qualquer vestígio de carne. Seria hipócrita da minha parte ter este amor exacerbado pelos bichos e comê-los, ou não? 

Mãe, Pai, não se preocupem. Educaram-me bem. Vou continuar a preferir a bondade, a diversão, o carinho e o amor. Vou continuar a dar voz a quem não a tem, a lutar pelos direitos deles - pelos nossos patudos e todos os outros animais que partilham este planeta connosco. Sei que é esta a minha missão, desde pequenina.

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