segunda-feira, 19 de dezembro de 2016

Dos Vilões desta Vida


Os meus amigos sabem - muitas vezes questionam - que tenho um fraquinho por vilões. A paixão pelo Darth Vader é bem conhecida, começou desde cedo quando assistia ao Star Wars ainda sem saber ler legendas, apaixonada pela sua capa preta e música extraordinária aquando a sua entrada em cena.

Desde a minha juventude até agora, a minha pancada passou por vários, o insuportável (mas grande cozinheiro) Vegeta, o mal compreendido Malfoy, o apaixonado Jaime Lannister e a diva Regina de Once Upon a Time.

O que todos estes "vilões" têm em comum? A redenção. Todos os meus vilões favoritos, sem excepção, redimem-se de todos os seus feitos. Não são preto nem branco. Vivem entre os tons de cinza, como muitos de nós. Como eu. É fácil, muito fácil, descambar para o mal, para o ódio, para a inveja e ingratidão. É por vezes muito difícil caminharmos em direcção ao bem.

Os meus vilões favoritos são, infelizmente, fictícios. Os vilões desta vida, do dia-a-dia, estão aqui para aterrorizar, assombrar e maltratar todos os que os rodeiam. Dificilmente caminharão numa direcção oposta. Não os imagino a terem um momento de lucidez e cumprirem um propósito mais luminoso nas suas vidas.

Hoje, dia 19 de Dezembro, 3 atentados assolaram a Europa. Eterna optimista que sou, ainda não acredito que haja redenção aos verdadeiros vilões desta vida. Cabe-nos a nós praticarmos exactamente o oposto do que vemos nos nossos ecrãs. Adorava, ADORAVA que viessem aí os meus vilões favoritos para nos salvar deste mundo, mas só nos cabe a nós esse feito.

terça-feira, 13 de dezembro de 2016

Pequenos Prazeres


Se há algo que aprendi nos últimos 30 anos, é isto. Não são as viagens, as casas, os jantares caros, as prendas de valor elevado, um cargo importante, as festas "fancy".
É o sorriso de uma criança quando lhe cantas uma canção. É brincar com um animal de estimação. É beber um copo de vinho enquanto chove lá fora. É estares rodeado de pessoas que te fazem sentir em casa. É cozinhar para alguém muito querido.
São os breves momentos, quase imperceptíveis, os mais importantes das nossas vidas. If only everyone knew 🍀

domingo, 4 de dezembro de 2016

furry love




Sempre fui uma criança bem disposta, divertida e animada. Sempre com uma careta para mostrar ou uma anedota para contar. Não dei problemas ou preocupações. A não ser...

O meu amor exacerbado por animais. Em pequenina, era comum ouvirem-me dizer que queria ser este ou aquele animal quando crescesse (ao invés de uma mulher com uma profissão, como o esperado). Era normal verem-me a dar descascas nas velhas de casacos de peles que passeavam pelo meu bairro - "Mataste um tigre? Isso não se faz!" é uma das minhas mais conhecidas deixas, tinha eu cerca de 4 anos.

Os meus pais levavam as mãos à cabeça, sempre que me ouviam dizer que preferia a minha gata à pessoa X ou Y, que preferia a companhia do cão do vizinho à companhia de miúdos da minha idade. Se é verdade que tive uma infância recheada de amigos, também os animais o foram. Era comum, numa festa de anos, estar agarrada ao animal de estimação que estivesse presente.

Guardo no coração todos os animais que se cruzaram na minha vida. Na aldeia dos meus avós paternos, sabia de cor o nome de todos os animais, e arranjava um nome aos que não tinham. Todos os patos, galinhas e cabras tinham um nome carinhoso dado por mim. Todos eles tinham direito a beijinhos, a festinhas e mimo, muito mimo. Na casa dos meus avós maternos, todos os animais faziam parte da família e sempre foram tratados como tal.

E lá preocupava os meus pais. "Não podes comparar os animais às pessoas. Não podes gostar mais deles do que das pessoas". Eu ouvia, mas entrava a cem e saía a mil. Ora eu, na minha tenra idade, já conseguia perceber a origem do verdadeiro mal - o ser Humano. A crueldade, a hipocrisia, a inveja, o ódio, tudo isto era ligado ao Homem, mas nunca a um animal.

Hoje, nos meus trinta, continuo a preferir a companhia de animais à companhia de maior parte das pessoas que se cruzam no meu caminho. Nunca um animal me deu um desgosto, uma facada nas costas, uma desilusão. Vou sempre preferir a companhia de um patudo à companhia de muita gente.

Há umas semanas escrevi acerca de comer cada vez menos carne. Já não como. Sobrevivi a 4 dias no Alentejo sem comer qualquer vestígio de carne. Seria hipócrita da minha parte ter este amor exacerbado pelos bichos e comê-los, ou não? 

Mãe, Pai, não se preocupem. Educaram-me bem. Vou continuar a preferir a bondade, a diversão, o carinho e o amor. Vou continuar a dar voz a quem não a tem, a lutar pelos direitos deles - pelos nossos patudos e todos os outros animais que partilham este planeta connosco. Sei que é esta a minha missão, desde pequenina.